A lei de acessibilidade coloca como responsabilidade compartilhada do Estado, família e sociedade a luta para efetivação dos direitos da pessoa com deficiência no Brasil. Portanto, cabe a estes três grupos desenhar caminhos para o acesso à informação, ao lazer, à cultura, dentre outras coisas.
Números do Censo de 2010, disponibilizados pelo Governo do Estado de São Paulo, apontam que Ribeirão Preto possuía 5.787 cidadãos com dificuldades auditivas. A mesma plataforma ainda estimou que, para 2021, o número chegaria a 6.891.
Sendo assim, buscando criar caminhos para que a inclusão aconteça, o educador físico e empresário de Ribeirão Preto Luccas Arruda, passou a incorporar um intérprete de Libras em suas conversas que realiza com diferentes profissionais da saúde no Instagram.
“Os surdos são um grupo minoritário que é esquecido. O Luccas tem feito a diferença na vida deles ao trazer conteúdo, com ótimos profissionais, traduzido em libras. É o primeiro a ter essa iniciativa”, afirma a professora e tradutora e intérprete de Libras do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Jéssica Honório.
De acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui aproximadamente 5% da sua população composta por deficientes auditivos. O percentual corresponde a quase 10 milhões de pessoas, das quais 2,7 milhões estão no grau de surdez profunda.
Segundo Arruda, logo que começou a incluir a linguagem de sinais em suas lives, recebeu feedback imediato em seu direct do Instagram. Pessoas agradeceram a ele pela iniciativa e por poderem acessar o conteúdo.
A ideia de incluir a comunicação para deficientes auditivos nos conteúdos surgiu com base no seu círculo social. Isso porque ele possui amigos que precisam fazer o uso da linguagem de sinais para se comunicarem. Além disso, a realidade social do próprio Arruda interferiu na decisão. O educador físico não tinha muitas oportunidades de acesso a alguns serviços, por conta da condição financeira desfavorável durante sua infância e juventude. A situação mudou só após a graduação em Educação Física.
“Eu sempre quis incluir. Não só para classes sociais menos favorecidas, mas também para surdos, inserindo a Libras. Ainda quero desenvolver projetos para pessoas com outros tipos de deficiências sensoriais para democratizar meus conteúdos. Os mesmos sentimentos que me surgiram quando mais novo são os deles: sentimentos limitantes, que coagem o nosso crescimento”, disse Arruda.
Conforme dados do Sigmund Web, aproximadamente 32% das pessoas com deficiência auditiva no Brasil não possuem escolaridade. Quando frequentam alguma unidade de ensino, 42% concluem o nível Fundamental. Em relação ao ensino Médio o percentual atinge 15% e curso superior apenas 7%.
Para a professora da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) e também doutora em psicologia Fernanda Zeoti, possibilitar que pessoas com deficiência consigam consumir materiais educativos é muito importante, pois isso as deixam conscientes de seus direitos e deveres, além de possibilitar a evolução das suas habilidades sociais. Tudo isso, segundo ela, é fundamental para que o grupo exerça a cidadania e se reconheça como habitante do mundo que merece ser respeitado.
“Essas pessoas de posse de todas as informações que podem ter se tornam empoderadas, vão saber mais e melhor de si mesmas e poderão, elas mesmas, desenvolverem cada vez mais recursos, contribuindo para o desenvolvimento de recursos para as próprias pessoas com deficiência”, afirmou Fernanda.
A deficiência auditiva é tida como a dificuldade na capacidade de captação de sons por um indivíduo. A condição é atribuída em diferentes graus que transitam de leve a surdez profunda. O diagnóstico é baseado em um padrão estabelecido pelo American National Standards Institute (Ansi).
Os seres humanos em suas capacidades plenas possuem a habilidade de captar sons de até 25 dB (decibéis). Sendo assim, o primeiro grau do problema ocorre com a dificuldade de ouvir sons até 30 dB. O problema pode ter diferentes origens, entre elas lesões no nervo auditivo ou na anatomia do ouvido, bem como problemas na condução do estímulo sonoro ou na interpretação destes.
Confira os graus: